DEFINIÇÕES GERAIS

O QUE É SEMIÓTICA?

A Semiótica (do grego semeiotiké: a arte dos sinais): pode ser definida como ciência geral dos signos. Estuda os fenômenos culturais como sistemas sígnicos, ou sistemas de significação. Interessa-se pelas linguagens, que são tomadas como sistemas sígnicos (pintura, fotografia, cinema, música, quadrinhos, publicidade, culinária, vestuário, gestos, religião, ciência etc.).

Para Santaella, a semiótica é
a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e de sentido (2007, p.15).
Para Winfried Nöth, "é a ciência dos signos e dos processos significativos (semiose) na natureza e na cultura". (1995, p.19).

- Quanto ao campo de abrangência da semiótica, Santaella assinala que:
"Seu campo de indagação é tão vasto que chega a cobrir o que chamamos de vida, visto que, desde a descoberta da estrutura química do código genético, nos anos 50, aquilo que chamamos de vida não é senão uma espécie de linguagem, isto é, a própria noção de vida depende da existência de informação no sistema biológico" (2007, p.13).
- A autora chama a atenção para o fato de que o campo da semiótica "[...] é vasto, mas não indefinido. O que se busca descrever e analisar nos fenômenos é sua constituição como linguagem" (2007, p.13)

PRINCIPAIS NOMES

Ferdinand Saussure: linguista e filósofo suíço, é geralmente visto como fundador do estruturalismo, especificamente em seu livro de 1916, Curso de Linguística Geral. Assim como seus contemporâneos, Saussure estava interessado em linguísticas históricas, mas acabou desenvolvendo uma teoria mais geral de semiologia (estudo dos sinais). Sua abordagem se concentrava no exame dos elementos da língua. Ele investigou como esses elementos se relacionavam no presente (sincronicamente, em vez de diacronicamente, como era mais comum na área).

Para Saussure, o signo linguístico é uma entidade de duas faces - um significante (padrão sonoro da palavra, seja sua projeção mental ou sua realização física como parte do ato de falar) e um significado (o conceito ou aquilo que aquela palavra quer dizer).

Seus estudos se diferenciaram das abordagens anteriores, que se interessavam pelo relacionamento entre as palavras e as coisas que elas denominavam no mundo, na história (diacronia). Concentrando-se na constituição interna dos sinais, em vez da sua relação com os objetos no mundo, Saussure se concentrou na anatomia e na estrutura da linguagem, transformando a língua em algo que poderia ser analisado e estudado.

Charles Peirce: filósofo, matemático e cientista estadunidense, definiu a Semiótica a partir da lógica. Muitos consideram a semiótica peirceana como uma Filosofia Científica da Linguagem. Seus estudos levaram ao que ele chamou de Categorias do Pensamento e da Natureza, ou Categorias Universais do Signo: a primeiridade, a secundidade  e a terceiridade (ou o processo, a mediação. É a interpretação e generalização dos fenômenos).a terceiridade.

Diferentemente de Saussure, Peirce concebeu o signo como a partir de uma tripla divisão: representâmen (aquilo que funciona como signo para quem o percebe); objeto (aquilo que é referido pelo signo); interpretante (o efeito do signo naquele – ou naquilo, incluindo outros seres vivos ou dispositivos comunicativos inumanos como os computadores – que o interpreta).

ALGUMAS CORRENTES DA SEMIÓTICA

Semiótica peirceana - interessa-se pela universalidade epistemológica. Suas investigações resultaram em "uma teoria sígnica do conhecimento que busca divisar e deslindar seu ser de linguagem, isto é, sua ação de signo" (SANTAELLA, 2007, p.14).

Semiótica estruturalista/Semiologia (Saussure; Lévi-Strauss; Barthes; Greimas) – interessa-se principalmente pelos signos verbais. Mais recentemente, pelo processo de significação (teoria da significação).

Semiótica russa ou semiótica da cultura (Jakobson; Hjelmslev; Lotman) - interessa-se pela linguagem, literatura e outros fenômenos culturais, como a comunicação não-verbal e visual, mito, religião.

O SIGNO
Concepção saussureana: significado + significante = signo.

“Chamamos signo à combinação do conceito e da imagem acústica [...] Propomos manter a palavra signo para designar o total e substituir conceito e imagem acústica respectivamente por significado e significante” (Curso de LingUística Geral, p.81).

Saussure concebeu o signo linguístico como uma unidade de duas faces: uma imagem acústica e um conceito.

A imagem acústica corresponde à forma verbal arquivada na memória; é a parte mais concreta do signo por sua natureza sensorial, mais próxima dos sentidos.

O conceito é o significado do signo de um modo mais abstrato e, em certo sentido, mais próximo da referência.

Para tornar o conceito de signo linguístico mais técnico, Saussure concebeu dois termos correspondentes às suas facetas: o significante (= imagem acústica) e o significado (= conceito).

Para solidificar este conceito de signo, formulou dois princípios: o da arbitrariedade e o da linearidade do significante.

Significado e significante, segundo o primeiro princípio, se relacionariam de forma arbitrária. Ou seja, não haveria uma relação motivacional entre significado e significante. Não haveria, portanto, nenhuma relação natural entre a idéia de “mar” (o significado), por exemplo, como ele se constitui na realidade, e a seqüência de sons m-a-r (o significante). O signo, dessa forma, depende da convencionalização, o que se dá como processo social, não estando, neste caso, ao alcance do indivíduo o poder de o estabelecer ou alterá-lo.

"O segundo princípio era o de que o significante, de uma natureza auditiva, ocorre no tempo numa ordem linear..."

Concepção peirceana: representâmen + objeto + interpretante = signo.

A semiótica de Peirce denomina-se de triádica, uma vez que o signo se concebe, segundo ele, a partir de três elementos.

Para Peirce, o signo é entendido como algo que representa alguma coisa (objeto) que não pode estar ali. Signo é, portanto, um representâmen, algo que, sob certo aspecto ou de algum modo, representa alguma coisa para alguém; isto é, cria na mente do intérprete (receptor, decodificador) um sinal equivalente (ou um signo melhor desenvolvido), ao qual Peirce chamou de interpretante do primeiro signo.
  • Representâmen: aquilo que funciona como signo para quem o percebe (o pórprio signo que percebemos);
  • Objeto: aquilo que é referido pelo signo;
  • Interpretante: o efeito do signo naquele (ou naquilo, incluindo outros seres vivos ou dispositivos comunicativos inumanos, como os computadores) que o interpreta, dentro de um contexto de significação; processo relacional que se cria na mente do intérprete.

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